Osteotomias do Joelho
O que é a Osteotomia ?
A osteotomia é um procedimento em que são realizados cortes ósseos no fêmur ou na tíbia com o objetivo de corrigirmos uma deformidade angular do osso e, assim, realizarmos uma distribuição melhor das cargas que passam através do membro inferior.
Alterações no alinhamento do membro resultam em transmissão anormal de forças entre as estruturas intra e extra-articulares. Neste caso, podem ocorrer lesões progressivas dos meniscos e da cartilagem articular, como resultado de carga anormal e aumento das pressões de contato. O avanço deste quadro pode causar a artrose.
As osteotomias ao nível do joelho: podem ser feitas tanto na tíbia quanto no fêmur.
Imagem evidenciando o alinhamento do eixo conforme a deformidade. Varo ocorre quando o joelho faz uma deformidade para fora, com um arqueamento e desgaste do compartimento interno do joelho. O valgo é definido quando os joelhos se desviam para dentro, em direção à linha média e ocorrendo artrose do compartimento externo.
Indicações
Esse procedimento classicamente está indicado em pacientes ativos, jovens demais para uma artroplastia (idade inferior a 60 anos), com artrose em estágios iniciais e associada com algum grau de desvio do eixo (genovaro ou genovalgo).
Paciente com genovaro significativo, com desvio do eixo evidenciado na radiografia panorâmica e foto clínica. A radiografia é fundamental para planejar o procedimento.
No contexto de artrose, é importante ter a cartilagem e menisco intactos no lado do joelho para qual o eixo será desviado. Além disso, em pacientes com história de lesão ligamentar crônica, as osteotomias podem cumprir um papel para tratar as instabilidades. Em alguns casos, também pode ser realizada concomitantemente com reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA) com deformidade.
A indicação do procedimento passa por outras avaliações de exame físico e imagens, por isso é importante a avaliação com médico especialista.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado através da inspeção, exame físico e história do paciente, juntamente com os exames de imagem. As radiografias com apoio e a radiografia panorâmica nos ajudam a classificar o grau de artrose que o paciente possui, além de possibilitar a aferição dos graus de deformidade do paciente. A ressonância nuclear magnética serve para avaliar as lesões associadas, como lesões da cartilagem e lesões do menisco.
A cirurgia
Essa é uma cirurgia que costuma ter ótimos resultados, com alívio significativo dos sintomas de dor. Importante destacar que a osteotomia não cura a artrose, mas, sim, retarda o seu progresso e adia a realização de um procedimento de prótese em pacientes jovens.
Geralmente realizamos este procedimento em associação com uma artroscopia, para tratamento das lesões associadas do joelho e inventário da articulação. Em casos de reconstrução do ligamento cruzado anterior, já deixamos os túneis para passagem do enxerto preparados para sua fixação ser feita após a osteotomia.
A artroscopia é um procedimento que associamos para diagnosticar e tratar as lesões associadas da articulação.
A osteotomia é realizada através de cortes ósseos na tíbia ou no fêmur. O procedimento tibial é o mais frequente. Como citado previamente, a radiografia panorâmica dos membros inferiores nos permite calcular qual a angulação da deformidade que será necessária corrigir. Assim, já iniciamos o ato operatório com todo o planejamento realizado, diminuindo a chance de falhas. Cada placa de osteotomia possui um calço pré-fabricado com a quantificação dos graus que corrigirá com a sua utilização.
Cada placa possui um tamanho de calço com sua medida em milímetros. Essa calço permite que ocorra a correção da deformidade angular. Fonte: arquivo pessoal, material cedido para fotografia pela GM Reis.
Passo a passo da osteotomia da tíbia 1: a incisão é feita na face anteromedial da tiba, ocorre a dissecção dos tecidos e preparo para os cortes ósseos – Fonte: Arthrex
Passo a passo 2: são realizados os cortes ósseos, com a posterior abertura da cunha e colocação da placa com o calço e seus parafusos para a correção angular – Fonte: Arthrex
Paciente submetido à reconstrução do ligamento cruzado anterior, apresentava desvio de eixo e artrose inicial, foi optado por associarmos uma osteotomia valgizante, com o objetivo de retardar o avanço da artrose. Notem as imagens com a placa e parafusos e o defeito do corte na tíbia, preenchido por um substituto ósseo que irá estimular a consolidação.
Paciente com 3 meses de pós-operatório do procedimento. Já com sinais de consolidação da osteotomia.
Pós-operatório de osteotomia valgizante do joelho: notem a diferença entre o alinhamento do joelho após a correção cirúrgica, além da abertura do compartimento medial.
Vídeo do 1o Dia Pós-Operatório de Osteotomia do Joelho – Iniciamos a fisioterapia sempre de maneira precoce
Complicações
Os osteotomias são procedimentos realizados há anos na ortopedia e são considerados seguros. Os pacientes que evoluem com progressão da artrose do joelho podem vir a necessitar de uma prótese ou artroplastia total do joelho. Nesse caso, a retirada da placa sempre se faz necessária, podendo ser feita no mesmo tempo cirúrgico da prótese ou em 2 tempos, isso dependerá da preferência de cada cirurgião. Além desse caso, embora seja infrequente, a placa pode causar algum desconforto local e alguns pacientes podem necessitar da retirada após a consolidação óssea.
O risco de não consolidação da osteotomia existe, porém é baixo, pois as regiões metafisárias onde são feitos os cortes ósseos possuem grande vascularização e elevada proliferação óssea.
Complicações mais raras podem incluir eventos tromboembólicos e lesões de estruturas nervosas e vasculares.
Referências
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