Artrose do Joelho ou Osteoartrite

O que é a artrose ?

A artrose ou osteoartrite é uma das doenças mais prevalentes em todo o mundo, além de ser a principal causa de incapacidade musculoesquelética na população. É caracterizada pelo dano e desgaste das cartilagens das articulações, fato que pode levar à dor e à perda progressiva da função dos pacientes.

Uma das características da artrose é a deterioração da cartilagem articular, com irregularidades progressivas e exposição do osso profundo à cartilagem.

Foto de um joelho com gonartrose grave do compartimento interno, com defeito grande da cartilagem e exposição do osso subcondral, conforme as setas vermelhas.

Sua etiologia é complexa e multifatorial, com componentes genéticos, traumáticos, biológicos e biomecânicos. Pode ocorrer em razão do nosso envelhecimento ou secundária a fraturas e doenças reumatológicas. Geralmente classificamos a artrose conforme uma escala radiológica.

A osteoartrite apresenta-se com dor e derrame articular, geralmente com períodos de crises intermitentes. É muito comum o paciente apresentar rigidez e redução da mobilidade com a evolução da doença. Além das citadas, uma das queixas mais frequentes é a deformidade progressiva do membro acometido, ou seja, com o tempo, o paciente nota que os joelhos e as pernas estão “entortando”.

Imagem evidenciando o alinhamento do eixo conforme a deformidade. Varo ocorre quando o joelho faz uma deformidade para fora do joelho e desgaste do compartimento interno do joelho. O valgo é definido quando os joelhos se desviam para dentro, em direção à linha média e ocorrendo artrose do compartimento externo.

Diagnóstico

A radiografia é o exame utilizado para o diagnóstico. No caso do joelho, utilizamos incidências com apoio do membro inferior, para simular a marcha e evidenciar a redução do espaço articular. Além disso, a radiografia é utilizada para classificarmos a evolução da doença e propormos o tratamento adequado.

A ressonância e a tomografia têm papel secundário. Muitas vezes a gonartrose é diagnosticada enquanto se investiga outra patologia em pacientes com clínica não tão evidente.

Classificação radiológica de Ahlback – uma das maneiras de graduarmos a gonartrose

Radiografias comparando um joelho normal (à esquerda) e um joelho artrósico (à direita).

Tratamentos

  1. Conservador

Geralmente é indicado para pacientes em doença com fase inicial ou pacientes que foram diagnosticados há pouco tempo com artrose. Seu objetivo é o controle dos sintomas sem a necessidade de procedimentos invasivos.

O primeiro passo é realizarmos a mudança do estilo de vida, com um treinamento físico para fortalecimento muscular, condicionamento aeróbico  e redução de peso quando necessário.

 Os anti-inflamatórios e os analgésicos atuam nas crises inflamatórias e ajudam a reduzir a dor.  É importante lembrar que o uso dessas medicações de forma desenfreada pode levar a consequências clínicas graves, então é sempre importante ter acompanhamento médico antes de usá-las.

 Existem algumas medicações que podem ajudar reduzir os sintomas da dor à longo prazo, os chamados nutracêuticos. Entre elas, estão a condroitina, a glicosamina, a diacereína, os tipos de colágeno e alguns fitoterápicos, como os derivados da cúrcuma e do harpagofito. É importante destacar que elas não regeneram a cartilagem, porém fornecem ao nosso corpo substâncias que nela estão presentes e podem ajudar a retardar o avanço da artrose.

Algumas das medicações chamadas de nutracêuticos

  1. Infiltração articular

A infiltração articular é um procedimento minimamente invasivo que podemos utilizar para controle dos sintomas, principalmente nas crises álgicas e em pacientes que possuem grande derrame articular, a famosa “água nos joelhos”.

É realizada uma punção em que se retira o excesso de liquido inflamatório e se aplica uma associação entre um corticoesteróide e o ácido hialurônico. Geralmente, esta combinação melhora os sintomas de dor por um período variável, podendo se prolongar por até mais de 1 ano, dependendo da severidade da artrose.

Infiltração articular em joelho direito.

Clique aqui para ler mais sobre o procedimento no nosso tópico de infiltrações

  1. Artroscopia

A artroscopia é um procedimento minimamente invasivo que pode ser proposto em pacientes refratários ao tratamento conservador e em artrose em estágios mais iniciais.

 Geralmente está indicada em casos de pacientes que, além de possuírem sintomas de artrose clássica, também possuem sintomas mecânicos, causados por lesões de menisco e lesões de cartilagem. Além disso, é realizada uma “limpeza articular, a chamada “toalete articular”, onde removemos tecido inflamatório e retiramos possíveis fragmentos livres de dentro do joelho.

É importante destacar que este é um tratamento paliativo em muitos casos, que pode não gerar o alivio esperado e que os sintomas podem retornar após algum tempo.

Vídeo do nosso canal no YouTube, mostrando uma artroscopia toalete. Notem a exposição do osso subcondral, em contraste com a cartilagem ao lado.

Clique aqui para ler mais sobre o procedimento no nosso tópico de artroscopia.

  1. Osteotomia

A osteotomia é um procedimento que pode ser realizado em pacientes que possuem artrose em estágios iniciais em associação com as deformidades citadas previamente – varo ou valgo. Nesse procedimento, é realizado um corte ósseo na tíbia ou no fêmur a fim de corrigirmos a deformidade angular do osso e, assim, realizarmos uma distribuição melhor das cargas que passam através do membro inferior.

Essa é uma cirurgia que costuma ter ótimos resultados, com alívio significativo dos sintomas de dor. Importante destacar que a osteotomia não cura a artrose, mas, sim, retarda o seu progresso e adia a realização de um procedimento de prótese em pacientes jovens.

Geralmente realizamos este procedimento em associação com uma artroscopia, para tratamento das lesões associadas do joelho e inventário da articulação. A mais comum é a osteotomia valgizante da tibia, na qual realizamos um corte ósseo na porção interna da perna para abrirmos uma cunha e realizar a correção do eixo mecânico do paciente. 

Paciente submetido à reconstrução do ligamento cruzado anterior, apresentava desvio de eixo e artrose inicial, foi optado por associarmos uma osteotomia valgizante, com o objetivo de retardar o avanço da artrose. Notem as imagens com a placa e parafusos e o defeito do corte na tíbia,  preenchido por um substituto ósseo que irá estimular a consolidação.

Clique aqui para ler mais sobre o procedimento no nosso tópico de Osteotomia

  1. Artroplastia ou Prótese de Joelho

A prótese é o procedimento indicado para pacientes com osteoartrite avançada e com sintomas refratários aos tratamentos previamente discutidos. Geralmente optamos por realizar este procedimento em pacientes com mais de 55 anos. Os implantes da prótese tem uma duração que pode variar entre 10 a 20 anos, devido a uma série de fatores. Desta forma, se optamos por realizar esta cirurgia em um paciente muito jovem, ele pode necessitar uma cirurgia de revisão (troca da prótese) muito precocemente, procedimento que tecnicamente pode ser bastante complexo.

            É importante destacar que é uma das cirurgias ortopédicas mais realizadas em todo o mundo, com elevado índice de sucesso. Antes de realizarmos a cirurgia, o paciente passa por uma avaliação cardiológica pré-operatória, a fim de garantir que está em condições de saúde adequadas e aumentar a segurança do ato cirúrgico.

Radiografias pré e pós-operatórias de uma prótese total de joelho.

Clique aqui para ler mais sobre o procedimento no nosso tópico de artroplastia

Referências

  1. Sacitharan PK. Ageing and Osteoarthritis. Subcell Biochem. 2019;91:123-159. doi: 10.1007/978-981-13-3681-2_6. PMID: 30888652.
  2. Thomaz LDGR, Geist JGB, Lucena RL, Schwartsmann CR, Freitas GLS, Spinelli LF. Avaliação radiográfica do alinhamento pós-operatório na artroplastia total de joelho. Rev Bras Ortop. 2022;57(4):656-60.
  3. Lee, S.J. (2021). Radiographic Findings of the Knee Osteoarthritis. In: Seo, SS. (eds) A Strategic Approach to Knee Arthritis Treatment. Springer, Singapore. https://doi.org/10.1007/978-981-16-4217-3_6
  4. Michael JW, Schlüter-Brust KU, Eysel P. The epidemiology, etiology, diagnosis, and treatment of osteoarthritis of the knee. Dtsch Arztebl Int. 2010 Mar;107(9):152-62. doi: 10.3238/arztebl.2010.0152.
  5. Sharma L. Osteoarthritis of the Knee. N Engl J Med. 2021 Jan 7;384(1):51-59. doi: 10.1056/NEJMcp1903768.
  6. Hussain SM, Neilly DW, Baliga S, Patil S, Meek R. Knee osteoarthritis: a review of management options. Scott Med J. 2016 Feb;61(1):7-16. doi: 10.1177/0036933015619588.

Caso tenha dúvidas e precise de mais esclarecimentos, estou a disposição para ajudá-lo – Agendamentos através dos links  abaixo: 

https://www.doctoralia.com.br/leonardo-dalla-giacomassa-rocha-thomaz/ortopedista-traumatologista/porto-alegre

Consultórios

Clínica Aureum

Santa Casa de Porto Alegre

Hospital Dom João Becker

Como posso te ajudar ?
Scan the code